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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Juntei todas as minhas forças, e mais algumas que peguei emprestadas de amigos, gurus e santos, e disse adeus à única coisa que realmente me dava alegria nesta vida . Claro que eu adoro meu apê, meu trabalho, meus amigos, meus livros, viagens, músicas . Tenho uma vida ótima . Mas nenhuma dessas coisas se comparava ao prazer que eu tinha ao ouvir o barulhinho de uma mensagem dele chegando . Ou de quando o porteiro dizia seu nome e o meu coração disparava tanto que eu tinha medo de morrer antes de o elevador abrir a porta . E olhar para ele, com o seu sorriso misturado de pior e melhor pessoa do mundo . E olhar o brilho dos seus olhos sem saber se vinha da alma ou da lente de contato . Enfim : Olhar e me sentir errando tanto e acertando muito . Isso tudo fazia valer os últimos dez, quinze ou quarenta dias sem saber se ele estava ou não vivo . Era um jogo estúpido, mas o brindezinho que eu ganhava no final justificava os dias de luta perdida . Mas aí resolvi começar o (novo) ano fora dessa palhaçada . Essa não parece a história de uma mulher esperta ou que merece uma história melhor . Quem pode cobrar da vida uma história de verdade se fica alimentando uma coisa desse tipo ? Chega . Sempre me gabei de nunca ter sido usuária de nenhuma droga e nem ao mesmo ter experimentado ou ter dado trabalho com bebedeiras . Sempre fui saudável além da conta . Até que me caiu a ficha de que ele era pior do que cocaína . Pior porque morenos bonitos e cheirosos são bem mais interessantes do que um pozinho branco que corrói o nariz . E melhor porque no dia seguinte o efeito ‘mulher maravilha acha que sabe voar’ continuava . Não existia depressão, não existia abstinência . A esperança de que ele ligasse ou aparecesse ou ficasse para sempre fazia a vida ser boa não importasse a espera . Mas mais uma vez eu pergunto : Essa parece a história de uma mulher esperta e que merece receber da vida uma companhia bacana, madura, profunda e para a vida ? Não . Óbvio que não . Por isso, com muito custo, chacoalhei minhas mangas . E só eu sei o quanto doeu ver a melhor coisa do mundo indo embora .

Tati Bernardi

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